Neste artigo examino ações e representações desenvolvidas pelos agentes do Serviço do Povoamento do Solo Nacional, do Brasil, procurando sublinhar o papel que as políticas de imigração e colonização ocupam no interior de processos mais amplos de formação de estados nacionais. Para isso, mostrarei como as técnicas de poder envolvidas na execução destas políticas desempenham um papel na construção de autoridade pública. Parto aqui de uma démarche antropológica segundo a qual as políticas públicas devem ser concebidas não como mera aplicação de projetos por meio de estruturas preexistentes, mas como locus de construção dessas estruturas e, conseqüentemente, de autoridade pública. Trata-se de uma leitura que põe acento no modo como os mecanismos de administração são estruturados por meio da construção dos objetos das políticas públicas, pelo recrutamento dos agentes sociais que as conduzem, e pela constituição das redes de interação social por meio das quais essas políticas circulam.
antropologia do Estado; Estado e nação; imigração e colonização no Brasil; políticas públicas