Propõe-se neste artigo uma breve reflexão metodológica por uma leitura o menos anacrónica possível das notícias dos periódicos de Antigo Regime. Isso é feito através de uma reconstituição do "horizonte de expectativa" (Hans-Robert Jauss) de um conjunto específico de leitores da Gazeta de Lisboa (1715-1760). Trata-se do círculo de letrados que é possível traçar a partir do redactor da Gazeta e das suas relações de correspondência. A partir de um estudo de caso - notícias sobre incidentes diplomáticos envolvendo a corte do rei D. João V -, procura-se demonstrar a coexistência de patamares distintos de leitura das notícias, consoante os diferentes meios de comunicação. Num segundo momento, procura-se uma generalização explicativa desse sistema de troca de informação, assente nas diferenças - políticas, sociais, técnicas - que na época existiam entre o suporte impresso e o manuscrito.
cultura impressa e manuscrita; Gazeta de Lisboa; Portugal; século XVIII