Através de uma leitura do romance Jorge, um brasileiro e me servindo do material produzido em outras pesquisas, busco aqui pensar a relação entre os grandes projetos de desenvolvimento, o trabalho e a mobilidade popular. Discuto inicialmente a atividade dos peões construtores de estradas, articulando-a depois às questões da moradia e do relacionamento empregado-patrão. Argumento que as experiências destes peões, expressas de maneira emblemática por certas ideias associadas à estrada e à lama, oferecem uma entrada privilegiada para se pensar alguns dos sentidos assumidos pelo trabalho nas "camadas populares" de uma maneira mais geral. Ao mesmo tempo, tais ideias articulam temas e contextos aparentemente díspares, determinados significados e práticas comuns relacionando o trabalho, a mobilidade, a moradia, a formação da pessoa e concepções sobre a desigualdade social.
construção de estradas; desenvolvimento; moradia; trabalho