Este artigo explora os princípios da engenharia social que embasam o trabalho das agências internacionais de desenvolvimento. A partir de um relato etnográfico de um treinamento na Catholic Agency for Overseas Development, a agência católica de desenvolvimento internacional da Inglaterra e País de Gales, será apresentado o pensamento lógico da matriz de projeto a partir do qual os técnicos da organização são incitados a operar. Argumenta-se que o fracasso crônico dos projetos, em geral atribuído à pouca familiaridade dos parceiros com as ferramentas de aplicação do pensamento lógico à solução de problemas sociais, decorre da temporalidade subjacente aos projetos, que supõem o vácuo social e a sucessão de eventos tal como previsto no papel. Isso nunca ocorre, já que nas organizações parceiras que trabalham diretamente com os beneficiários as contingências do dia a dia criam um descompasso entre a composição fixa vislumbrada no projeto e as composições efêmeras que emergem durante a sua implementação.
agências internacionais; cooperação internacional; engenharia social; projetos