Este trabalho consiste em uma análise da relação entre acontecimentos de violência contra meninos de 8 a 15 anos, na cidade de Altamira, Pará, e as ações subsequentes organizadas por seus familiares. Narrando suas trajetórias de mobilização, os familiares das vítimas constroem a "luta" como sendo um "caminho cheio de espinhos", pontuado por decepções. Todavia, é justamente esse penoso caminhar que lhes provoca a sensação de proximidade com seus filhos e irmãos. A mobilização configura-se como recurso encontrado para "fazer alguma coisa" por seus meninos, assim evitando que os crimes pudessem se repetir e também para que as vítimas não fossem jamais esquecidas. A análise privilegiará a dimensão da fala em sua potencialidade curativa, mas que é também capaz de fazer reviver, nos corpos e nas almas de mães, irmãs e pais de vítimas, dores e sofrimentos descritos como sendo os piores de suas vidas.
Amazônia; emoções; evento crítico; mobilização social