Resumo
Este artigo reflete sobre relações dos Yawanawa e dos Huni Kuin, povos de língua pano residentes no Acre, com os nawa (“brancos”), especialmente com religiões ayahuasqueiras e movimentos (neo)xamânicos. Atualmente, algumas aldeias yawanawa e huni kuin vêm promovendo festivais, como um modo de apresentar a cultura. Como bons anfitriões, recebem com beleza e entusiasmo os nawa (“brancos”) para fazer festa e sentir a força da floresta. Analisaremos como certos modos expressivos emergem destes encontros e sobre o que são capazes de produzir em termos de novos arranjos. Consideraremos a centralidade das festas e da ayahuasca em processos inventivos da cultura, evidenciando traduções de mundos diversos, por meio de fluxos multidirecionais de entendimentos, categorias e práticas festivas e xamânicas. Acompanharemos os caminhos de usos e transformações do chá, aqui designado pelo nome local “cipó” – em suas multiplicidades ontológicas enquanto daime, uni ou nixi pae – a partir da diversidade de relações que indígenas yawanawa e huni kuin estabelecem com religiões ayahuasqueiras, especialmente com o Santo Daime.
Palavras-chave:
festa; (neo)xamanismo; Pano; Santo Daime