Resumo
Este artigo discute o desenvolvimento infantil e a produção social da condição de autonomia entre os Guna (“Kuna”), povo que habita tradicionalmente o arquipélago de San Blás, na porção oriental da costa atlântica do Panamá. Meu objetivo é ressaltar o estatuto do sonho como experiência pessoal que serve de contexto ou “moldura” para a prática pedagógica. Considerando os processos de aquisição no período da infância, e passando pela discussão clássica ameríndia sobre retórica e poder, argumento que a filosofia social guna estabelece uma correlação sofisticada entre o discurso cultural dominante e sua possibilidade de fuga. Ela expressa o ideal de vida compartilhada (bulagwa iddoged, “sentir-se junto”) enquanto enfatiza a autonomia pessoal como o meio para realizá-lo. Essa ambivalência foi bem expressa por Atencio López, intelectual e ativista guna que me disse: “O mundo gira igual e diferente para todos.”
Palavras-chave:
infância indígena; práticas de criação e cuidado dos filhos; autonomia pessoal; aconselhamento