Resumo
Escrever, assumido genericamente no mundo do graffiti enquanto taggear, ou seja, enquanto gesto de intervenção de um suporte não estabelecido para aquilo, o muro, “o espaço tópico da escritura moderna” (Barthes, 2002BARTHES, R. Variaciones sobre la escritura. Barcelona: Paidós, 2002.), supõe uma operação contínua de expressão no espaço público, “um espaço sensível como um todo” (Didi-Huberman, 2017DIDI-HUBERMAN, G. (org.) Levantes. Tradução Jorge Bastos; Edgard de Assis Carvalho; Mariza P. Bosco; Eric R. R. Heneault. São Paulo: Edições Sesc, 2017.) que surge de um desejo, certo princípio de liberdade, subversão e reivindicação de soberania partilhado entre as/os writers. A voz e a presença das mulheres, uma categoria pensada desde uma “perspectiva ex-cêntrica” (Costa, 2002COSTA, C. O sujeito no feminismo: revisitando os debates. Cadernos Pagu, Campinas, n. 19, p. 59-90, 2002.), não só é cada vez mais visível na prática do graffiti, mas supõe a existência de outra forma de escrita a partir de seus corpos e vivências, configurando outros protocolos de leitura nas cidades. Nesse sentido, propõe-se refletir sobre a autoria de graffiti realizado por mulheres, o processo de escrita e legibilidade da paisagem urbana e as visibilidades e invisibilidades em jogo na apropriação da cidade contemporânea a partir dessa prática artística.
Palavras-chave:
cidade; espaço público; mulheres escritoras de graffiti; visibilidade-invisibilidade