Um laço novo se estabeleceu entre sexualidade e vida conjugal nas últimas décadas do século XX. Tradicionalmente o direito à atividade sexual era adquirido com o estatuto de sujeito casado; hoje em dia, o intercâmbio sexual passou a ser o motor interno da conjugalidade. No entanto, esta inversão não gerou uma transformação completa das relações de gênero. A análise das mudanças dos comportamentos na França contemporânea mostra sem dúvida uma aproximação das trajetórias sexuais femininas e masculinas, e o desenvolvimento dum valor de reciprocidade entre parceiros. Mas o exame mais preciso do confronto dos homens e das mulheres nas várias etapas do intercâmbio sexual sugere a permanência de uma divergência de gênero: tanto a socialização adolescente como o curso da vida conjugal continuam sustentando interpretações muito assimétricas da sexualidade, nas quais o desejo feminino tem menos legitimidade do que o masculino.
Sexualidade; Vida Conjugal; Relações de Gênero; França