Nesse artigo, examino uma prática local - a circulação de crianças em bairros populares de uma grande cidade brasileira - à luz do contexto mais amplo que inclui a adoção nacional e internacional. Inicio com a descrição etnográfica de redes de ajuda mútua e valores familiares de duas mulheres que, por causa de extrema miséria, confiaram seus filhos aos cuidados de outrem. Procuro entender como essas mulheres significam a "circulação" de suas crianças e, num segundo momento, pergunto se, no seu entendimento, as leis regendo a adoção legal seriam inteligíveis. Finalmente, teço uma curta reflexão sobre discursos encontrados entre europeus e norte-americanos que recorrem à adoção, questionando a aplicação diferencial desses discursos no âmbito internacional.
Crianças; Parentesco; Adoção; Políticas Sociais