Partindo de um extenso levantamento das matérias publicadas nos periódicos médicos a respeito da loucura e das doenças nervosas, de 1850 a 1880 na Corte imperial, desenvolvemos neste artigo uma análise do papel exercido pela imprensa médica nos primórdios da psiquiatria no Brasil. Com base na perspectiva de que a imprensa livre exercera um papel ativo, de formadora de opiniões, analisamos a forma e a relevância com que tais assuntos estiveram presentes nos periódicos especializados, voltando-nos para a comprovação da hipótese de que, apesar dos entraves socioprofissionais inerentes à medicina mental naquele contexto, muitos esforços foram realizados pelos médicos clínicos no avanço dos conhecimentos sobre tal especialidade no Brasil. Sendo assim, pretendemos dar relevância à existência de uma intensa circulação de ideias científicas no Rio de Janeiro, que nos desvenda uma ambiente de trocas científicas, no qual o papel ocupado pelos médicos brasileiros não é de passividade face à medicina europeia, mas de busca de legitimação profissional.
cultura médica; imprensa médica; história da ciência no Brasil