Resumo
"L'espèce de journal" deixado por Marie Du Bois (1601-1679) parece se situar na categoria “escritos do foro íntimo”, mas é utilizado neste artigo para questionar o fundamento dessa categoria. Partindo da pergunta sobre as perspectivas de transmissão presentes neste texto, trata-se de medir sua capacidade de assegurar a presença distanciada de uma experiência. Mas a percepção desta presença recoloca a questão sobre o ato de leitura que somos capazes de produzir, a três séculos e meio de distância. A partilha do sentido como presença do passado - a impressão de “ver” o que é contado - depende de escolhas de escrita operadas pelo autor, cuja eficácia atravessa o tempo: diálogos, narrativas “romanescas”, traços autobiográficos. Assim, é a relação entre testemunho e literatura, abordada a partir da noção de “sociedade na literatura”, que postula uma continuidade situada, ou seja, historicamente observável.
Palavras-chave:
experiência; testemunho; literatura; escrita; transmissão; século XVII