A partir da caça de porco do mato, este artigo é um ensaio etnográfico sobre uma noção indígena de ponto de vista, aplicada ao campo das relações entre o humano e o animal, na cosmologia de um povo Tupi, os Juruna. Além de revelar a complexidade particular dessas relações, a noção de ponto de vista permite mostrar como a noção de duplo é irredutível à noção de alma, como "natureza" e "sobrenatureza" são efeitos de perspectivas, e como, finalmente, a caça se insere em uma estrutura espaço-temporal bilinear múltipla, evocadora dos "labirintos" que os Juruna desenham na pele.