O objetivo deste ensaio é apontar a produtividade de algumas das formulações de Pierre Bourdieu a respeito da arte e da estética para a viabilização de uma reflexão propriamente antropológica sobre esse tema, situando-o no âmbito de discussões contemporâneas que exploram sua dimensão comparativa. A partir de um paralelo com a teoria da magia de Marcel Mauss, o ensaio estrutura-se em torno de três eixos: identificar a perspectiva que fundamenta o esforço teórico de Bourdieu; mapear alguns de seus principais desdobramentos; verificar sua amplitude teórica. Essa abordagem permite revelar o estatuto metodológico da "distinção" em sua conexão com o relativismo sociológico de Bourdieu, bem como promover uma avaliação crítica do debate contemporâneo a respeito das condições de possibilidade de uma antropologia da arte e/ou da estética nos termos de um contraponto entre particularismo e universalismo.