A importância dos sistemas de nominação para a compreensão das sociedades e culturas ameríndias é hoje amplamente reconhecida, mas as informações sobre esse tópico concernentes aos povos Tukano do Noroeste Amazônico permanecem esparsas e dispersas. Tomando os Barasana e seus vizinhos como referência, este artigo apresenta alguns dados básicos quanto à onomástica tukano e discute similaridades entre as patrilinhagens tukano e os grupos de perfil "matrilinear" entre os Jê e os Bororo. Em ambos os casos, nomes e ornamentos estão ligados enquanto aspectos da riqueza e do espírito dos grupos. Por meio de um exame da transmissão onomástica como um dos componentes dos rituais que envolvem o nascimento, o artigo explora também a relação entre nomes, sangue, ossos e sopro como aspectos da pessoa. Finalmente, situa a onomástica tukano em um contexto comparativo mais amplo, argumentando que sua combinação de exonímia e endonímia, assim como a ausência de transmissão intervivos, a distingue das formas mais "puras" de endonímia encontradas entre os Bororo e os Kayapó.
Tukano; Barasana; Nomes; Nascimento; Ornamentos