Este artigo analisa como o "padrão pessoalizante de relações sociais", arquetípico das chamadas sociedades holistas ou tradicionais, âmago do ethos nacional brasileiro e elemento estruturante da vida coletiva nas "cidades pequenas", reage diante do "processo de individualização" provocado pela expansão do capitalismo e de seus valores dominantes. Tomando como referência o período em que o Brasil passou a se incluir mais vigorosamente sob a "ordem social competitiva" do sistema mundial, o texto reconstitui a história do faccionalismo - uma expressão proeminente do padrão pessoalizante de relações sociais - em uma pequena cidade de Minas Gerais entre o final do século XIX e o final do século XX. O objetivo é relativizar a concepção de que esse processo tenha redundado em uma decaída do estilo de vida tradicional da pequena cidade, mas também rejeitar a idéia de que a tradição se mantém incólume à passagem do tempo, propondo que a dialética entre tradição e mudança explicita "processos de modulação" do ethos local.
Ethos; Faccionalismo; Tradição e Mudança