Nesse artigo, os arquivos etnográficos e seu duplo, os arquivos pessoais, são concebidos como construções culturais cuja compreensão é fundamental para entendermos como certas narrativas profissionais foram produzidas e como sua invenção resulta de um intenso diálogo envolvendo imaginação e autoridade intelectual. Tendo a coleção Ruth Landes Papers mantida pelo National Anthropological Archives (Smithsonian Institutian) como objeto de análise, o texto propõe uma reflexão acerca das lógicas que orientam a instituição dos limites temáticos dos arquivos, seus critérios de legitimidade e inclusão, a transformação de instrumentos de trabalho de seus titulares em "artefatos", "documentos" e "fontes"; suas concepções de "valor documental", sua economia interna e seus usos na contínua (ainda que diversa) reificação da autoridade de seus "titulares" como personagens de diferentes histórias da antropologia.
Etnografia; História; Arquivos; Memória; Ruth Landes