O livro Amazonian Languages, organizado por R. M. W. Dixon e A. Y. Aikhenvald, publicado em 1999, já é uma obra de referência, de consulta quase obrigatória para todos os que se interessam por lingüística, línguas indígenas da Amazônia e etnologia das terras baixas da América do Sul. Não obstante, o livro contém partes e temas que têm suscitado reações na comunidade científica, fora e dentro do Brasil. Este ensaio apresenta não somente as contribuições do livro para o avanço dos conhecimentos sobre línguas amazônicas, mas também as críticas das quais são passíveis alguns de seus capítulos, por suas limitações empíricas e teóricas, bem como a Introdução, por suas colocações provocativas a respeito de certas políticas de pesquisa na América do Sul. A introdução do livro opõe categorias - lingüistas nacionais versus estrangeiros - e escamoteia identidades - lingüistas missionários e missionários lingüistas -, descrevendo um quadro discutível e equivocado do que são e significam a pesquisa e o estudo das línguas indígenas, sejam elas "amazônicas" ou não.
Línguas indígenas; Lingüística; Amazônia; Etnolingüística; Política lingüística