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Emoções e política: a vítima e a construção de comunidades emocionais

No presente texto, detenho-me na construção cultural da categoria vítima como forma de afirmação da civilidade. Ao longo dos últimos anos, temos presenciado na Colômbia a afirmação de uma linguagem que narra experiências pessoais de sofrimento na forma de testemunho pessoal. Essa linguagem, eminentemente emocional, cria laços entre pessoas diversas, naquilo que podemos chamar sociedade civil, ao redor do compartilhamento da "verdade" a respeito dos fatos de violência ocorridos recentemente. Argumento que esta linguagem do testemunho pessoal tem efeitos políticos, na medida em que constrói uma versão compartilhada dos acontecimentos de violência da última década e serve de alicerce para uma ética do reconhecimento e para ações de protesto e de reparação, visto que é um mediador simbólico entre a experiência subjetiva e a generalização social. Examino a construção social da categoria vítima em três cenários sociais: a encenação e a mobilização por parte da comunidade indígena diante de fatos de violência, as manifestações massivas de 2008 e a luta pela promulgação da Lei de Vítimas. Destaco o papel relevante de mulheres e indígenas ao realizarem testemunhos públicos sobre os fatos de violência, como forma de chegar à verdade, o que aponta para a criação de uma narrativa compartilhada e para a generalização de princípios morais diante dos atos de violência feitos em nome da "política".

Vítima; Violência; Comunidades emocionais; Colômbia


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