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O antropólogo como "espião": das acusações públicas à construção das perspectivas nativas

The anthropologist as 'spy': from public accusations to the construction of native perspectives

Nos últimos anos, parte da academia norte-americana mobilizou-se em torno de um grande debate sobre "antropologia e espionagem". As acusações feitas sobre alguns colegas eram motivadas pela preocupação com o uso que poderia ser feito do conhecimento gerado no trabalho de campo. Elas expressavam que os antropólogos podem ser considerados sujeitos perigosos para as populações estudadas. Respondendo às mesmas inquietações, em algumas ocasiões, nós, os antropólogos, também somos objeto de acusações feitas pelos "nossos" nativos. Neste artigo, proponho-me a analisar dois episódios ocorridos durante o trabalho de campo que realizei junto a uma turma de parentes de vítimas de um incêndio na cidade de Buenos Aires. Enquanto desenvolvia meu trabalho, enfatizou-se publicamente e em duas oportunidades a possibilidade de que eu fosse um "infiltrado" que estivesse espionando as ações e debates em que eram protagonistas. Com o objetivo de reconstruir as perspectivas das pessoas que me acusaram, proponho transformar esses acontecimentos, de aparência anedótica e pessoal, em perguntas de pesquisa. Inspirado em algumas ideias surgidas no campo de estudos sobre acusações de bruxaria, proporei uma análise voltada para iluminar a dinâmica do campo no qual as acusações foram produzidas. Do mesmo modo, tentarei ressituar meu papel como produtor de conhecimento.

Antropologia e Espionagem; Trabalho de campo; "Infiltrado"; Acusações de bruxaria; Categorias nativas


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