O artigo analisa uma situação em que trabalhadores fortemente estigmatizados têm níveis de renda mais altos do que aqueles que os estigmatizam. Desta forma, afirmamos que na cidade patagônica de Comodoro Rivadavia há um desajuste entre hierarquias simbólicas e nível econômico. Interessados nas desigualdades sociais e nos modos pelos quais elas se legitimam culturalmente, trabalhamos em conjunto com um antropólogo residente em Buenos Aires e uma antropóloga local. Um caso excepcional como o de Comodoro nos revela aspectos dos casos supostamente "normais", nos quais as hierarquias de prestígio são mais ou menos proporcionais aos níveis de renda. Em segundo lugar, ele nos permite perceber que os casos em que esta correlação não se verifica são mais usuais do que o registrado nos estudos atuais. Em terceiro lugar, ele possibilita obter uma conclusão sociológica com implicações políticas: a redistribuição econômica é uma condição necessária, mas não suficiente para uma redução multidimensional da desigualdade.
Política linguística; Desigualdade; Hierarquias; Identidades; Classificações; Prestígio; Petroleiros