Partindo da conhecida oposição entre o que derivaria do "dom" e o que derivaria da "iniciação" nas religiões de matriz africana no Brasil, este trabalho visa, em um primeiro movimento, demonstrar etnograficamente que esse dualismo oculta um triadismo. O desdobramento da análise etnográfica levará, contudo e em seguida, à substituição desse triadismo por um modelo simultaneamente unitário e múltiplo. Neste, a "participação", em seus múltiplos sentidos, deverá ter um lugar ao lado do "dom" e da "iniciação", e as três categorias deverão ser entendidas como atualizações de um princípio subjacente único.
Religiões Afro-brasileiras; Dom; Iniciação; Ritual; Cosmologia; Roy Wagner