Neste artigo discuto a força do religioso na constituição identitária da guerrilha revolucionária da Colômbia, o Exército de Libertação Nacional (ELN), surgida em 1964 e ainda vigente como projeto de luta armada. Embora o ELN se defina como uma organização ateia, seguidora dos princípios do marxismo-leninismo, a morte em combate do sacerdote Camilo Torres ativou um dos princípios germinais da tradição cristã no interior do grupo: o sacrifício de Jesus pela humanidade, mensagem traduzida para a linguagem da luta social e convertida em premissa de luta. Essa visão sacrificial perpassará os distintos contextos, práticas, formas expressivas e discursos do mundo dos elenos. Constitui-se num elemento estruturante e significante da identidade do grupo.
Religiosidade; Guerrilha; ELN; Sacrifício; Transcendência