Em Urucuia, norte de Minas Gerais, os conceitos locais de fundamentoe sistema evocam, respectivamente, as semelhanças e as diferenças entre as festas de folia realizadas em um grande circuito festivo. Descrevendo a circulação de devotos por diversas festas, procuro neste artigo analisar os usos narrativos e festivos destas noções para destacar o modo como elas estão relacionadas a processos específicos de produção e contestação de uma experiência sagrada calcada nas ideias de unidade e totalidade. Ao proporem que as festas sejam simultaneamente uma e várias, que sejam permanentes e mutantes, que sirvam às comunidades e aos interesses individuais, os devotos põem em jogo demarcadores rituais capazes de produzir contextualmente a confirmação do poder totalizador e atemporal das folias ao mesmo tempo em que abrem espaço para a sua dissolução.
Sagrado; Rituais; Movimento; Comunidade; Folia