Acessibilidade / Reportar erro

Enfrentando poetas, perseguindo peixes: sobre etnografias e engajamentos

Neste artigo, propomos uma reflexão acerca da etnografia, tendo como foco a aprendizagem e o engajamento do pesquisador nas práticas que pesquisa. Partindo das discussões sobre este tema na etnomusicologia e na antropologia da técnica, traçamos um diálogo entre as pesquisas de campo dos autores sobre repentistas na região Nordeste e pescadores na Amazônia. A partir de então são pensadas as implicações da inserção do antropólogo na atividade etnografada, vista não como um fim em si mesmo, mas como estratégia privilegiada para acessar conhecimentos e valores tácitos e irrefletidos, perceber as hierarquias entre diversos tipos de relações envolvidas no desempenho de uma atividade e analisar suas formas peculiares de aprendizagem. A comparação entre as etnografias da cantoria e da pesca não é trazida aqui para defender o privilégio epistemológico generalizado da prática, do corpo ou da experiência, em detrimento das estruturas, do discurso ou do pensamento. A própria comparação entre os engajamentos numa atividade eminentemente verbal e noutras que envolvem sobretudo habilidades perceptivo-motoras já nos distancia deste recorte. O engajamento é tomado aqui não como afirmação de princípio, mas como uma postura etnográfica maleável, capaz de favorecer a adequação entre as questões antropológicas e os regimes de abordagem empírica em situações particulares.

Etnografia; Aprendizagem; Experiência; Antropologia da Técnica; Etnomusicologia


Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS-Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Quinta da Boa Vista s/n - São Cristóvão, 20940-040 Rio de Janeiro RJ Brazil, Tel.: +55 21 2568-9642, Fax: +55 21 2254-6695 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revistamanappgas@gmail.com