Acessibilidade / Reportar erro

CARTEIRA DE ALTERIDADE: TRANSFORMAÇÕES MAMAINDÊ (NAMBIQUARA)

Resumo

O artigo explora a comparação feita por um jovem mamaindê (um grupo Nambiquara situado no noroeste do estado do Mato Grosso) entre os seus enfeites corporais e a carteira de identidade. A importância atribuída a tais objetos, neste caso, remete aos perigos relacionados à possibilidade de perdê-los em situações específicas. Quando se trata dos enfeites corporais, enfatizam-se os riscos e as consequências de tê-los roubados pelos espíritos da floresta. Quando se trata da carteira de identidade, enfatiza-se o perigo envolvido nas relações estabelecidas com a polícia. A comparação feita pelo jovem mamaindê não foi, portanto, apenas entre os seus enfeites corporais e a carteira de identidade, mas também entre os espíritos da floresta e a polícia. Meu objetivo é refletir sobre essas duas comparações contidas na explicação do meu informante, a partir da descrição etnográfica dos Mamaindê. Pretendo demonstrar que esta comparação indica que a carteira de identidade é vista como um enfeite corporal, tal como os Mamaindê o concebem, e não o contrário. Deste modo, argumento que para este grupo Nambiquara a carteira de identidade remete, sobretudo, às noções de alteridade e de transformação, mais do que à ideia de identidade ou de representação.

Palavras-chave:
Carteira de identidade; Documentos; Enfeites corporais; Nambiquara/ Mamaindê; Pessoa

Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS-Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Quinta da Boa Vista s/n - São Cristóvão, 20940-040 Rio de Janeiro RJ Brazil, Tel.: +55 21 2568-9642, Fax: +55 21 2254-6695 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revistamanappgas@gmail.com