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A explosão do olhar: do tabaco nos Arawa do rio Purus

The explosion of the gaze: On tobacco for the Arawa of the Purus river

La explosión de la mirada: Del tabaco entre los Arawa del río Purús

Resumo

Na mitologia arawa, o tabaco é concebido “em chave de água”, enquanto a presença desta planta na vida cotidiana mostra, paradoxalmente, um movimento “em chave de fogo”. O tabaco e os venenos revelam, para os grupos indígenas do Purus, um cromatismo genuíno, no marco da “mitologia regressiva” que Lévi-Strauss encontrou em outros contextos ameríndios. Nas narrativas arawa, o tabaco é percebido como alimento, mas os seus efeitos eméticos, entorpecentes ou tóxicos permitem situá-lo entre os antialimentos. Tabaco e venenos operam uma lógica reversa, que transforma as presas em predadores dos seus predadores. O xamanismo efetiva um movimento de aproximação perigosa com a alteridade através dos venenos, ao associar o tabaco ao curare das flechas, ao veneno das serpentes, ao timbó. Nos mitos arawa (Suruwaha, Banawa, Deni...), o cromatismo dos venenos do xamã transtorna a diferença entre presas e predadores, e reverte a ordem instável do cosmos.

Palavras-chave:
Tabaco; Venenos; Arawa; Xamanismo; Mitologia

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