Resumo
Inserindo-se em uma perspectiva que transita entre a história e a etnografia, este artigo analisa um fait divers ocorrido em fevereiro de 1916 em um cinema do Rio de Janeiro: uma discussão entre espectadores finalizada com um tiro. A questão principal que irá nortear este artigo é: de que modo estes sujeitos pertencentes à classe média e à elite projetaram algumas tensões sociais no consumo cinematográfico por ocasião do fait divers a ser analisado? Como questão secundária, investigamos quais concepções em torno do termo “civilização” foram usadas nas narrativas sobre o caso veiculadas pelos periódicos da época e como estes atuaram nas interpretações do conflito. Nossa hipótese principal é a de que o fato analisado envolve dois polos em termos de classe que estruturam a dinâmica do seu desenlace, sendo uma metonímia de uma série de conflitos entre visões de mundo e de agir dessas classes.
Palavras-chave:
Cinema; Rio de Janeiro; Belle Époque; classe média