Resumo
Em 1969, a 60km da então capital da República Soviética do Cazaquistão, Alma-Ata, arqueólogos encontraram, durante uma escavação numa estrutura funerária do tipo kurgan, um traje envolvendo um esqueleto datados dos séculos V ou IV a.C. Ricamente decorados com mais de 4.000 peças de ouro, os restos foram logo apelidados de Golden Man. Por acreditarem se tratar de um jovem príncipe de origem cita-saca, o achado logo se tornou um dos mais importantes símbolos da nacionalidade cazaque em construção a partir daquele momento. Pesquisas realizadas desde o final da década de 1990 sugerem, porém, que o “Homem Dourado” tenha sido, de fato, uma “Mulher Dourada”, o que tem gerado um debate com certo impacto sobre a reformulação das representações sobre a identidade nacional cazaque. Esboçaremos reflexões sobre a relação entre nation-building, gênero e o papel político da arqueologia/antropologia do ponto de vista de um antropólogo-turista que visitou o Cazaquistão em dezembro de 2017.
Palavras-chave:
Nation-building; Arqueologia/Antropologia; Gênero; Cazaquistão; Golden Man