Resumo
Este artigo inicia-se com uma descrição, mediada por fontes on-line, do enterro do músico Dorival Caymmi e com o relato de uma visita que fiz ao local de sua morte, um apartamento no Rio de Janeiro. Em seguida, trato de problematizar e complexificar - à luz das noções clássicas de corpo e pessoa, bem como de um aparato conceitual inspirado nas formas de conhecimento do candomblé brasileiro - a figura pública deste artista, ora subdividindo, ora multiplicando-a em entidades analíticas diversas. Apresentadas as personas de Caymmi e o que chamei de temas transversais, um conjunto de imagens criado a partir da sua trajetória, refletirei brevemente sobre uma categoria êmica, indispensável tanto para as religiões afro-brasileiras quanto para o próprio Caymmi: o silêncio. Concluo com algumas considerações a respeito dos constrangimentos necessariamente implicados nas narrativas, nas lembranças e, de um modo geral, nos testemunhos históricos.
Palavras-chave:
Dorival Caymmi; Noções de corpo e pessoa; Silêncio e segredo; Religiões afro-brasileiras