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Mudança permanente: fonte de penosidade no trabalho?

Perpetual change: source of penibility at work?

Este artigo se propõe a examinar as possíveis condições para a melhoria duradoura da saúde psíquica dos trabalhadores. Para fazê-lo, após ter sintetizado as principais causas imediatas dos problemas psicossociais, recolocamo-los no contexto contemporâneo caracterizado pela renovação incessante dos dispositivos técnicos e de gestão. Assim, compreender os fenômenos dos problemas psicossociais no trabalho implica em se interessar pelos efeitos da mudança permanente. Precisamente, para considerarmos, de forma geral, estes efeitos sobre a saúde, elaboramos uma grade de análise a partir da herança da sociologia do trabalho e da noção de trabalho instituição (proposta por Lallement). Esta grade de análise é, em seguida, utilizada em situações empíricas variadas (hospitais, universidades, empresas multinacionais) para demonstrarmos que a mudança permanente engendra uma polarização dos indivíduos. Certos trabalhadores perdem seu vínculo com o trabalho e assim iniciam um processo de degradação de sua saúde, enquanto outros tiram proveito do movimento e permanecem em boa saúde. Enfim, a mudança perpétua é explicada como resultado de dinâmicas próprias ao campo da gestão e de uma postura reificante específica da abordagem racionalizadora. Assim, a fim de melhorar de forma duradoura a saúde psíquica no trabalho, é necessário intervir no coração das relações sociais.

mudança permanente; racionalização; gestão; reificação; problemas psicossociais


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