Comportamento mecânico e clínico de próteses monolíticas à base de zircônia: revisão de literatura

Ottoni, R.; Borba, M.

doi:10.1590/0366-69132018643722340

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Articles • Cerâmica 64 (372) • Oct-Dec 2018 • https://doi.org/10.1590/0366-69132018643722340 copiar

Comportamento mecânico e clínico de próteses monolíticas à base de zircônia: revisão de literatura

Mechanical and clinical behavior of zirconia-based monolithic prosthesis: literature review

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Próteses fixas com infraestrutura de metal ou cerâmica apresentam muitas falhas devido ao lascamento da cerâmica vítrea de cobertura. Assim, próteses monolíticas produzidas com apenas um material foram desenvolvidas no intuito de diminuir estas falhas. Cerâmicas à base de zircônia tiveram suas propriedades ópticas modificadas para permitir a confecção de próteses monolíticas. Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar através de uma revisão da literatura o comportamento mecânico e clínico das próteses monolíticas à base de zircônia. Foi feita uma busca na base de dados PubMed/Medline (2010 a 2017) utilizando as palavras-chave: zircônia (zirconia), monolítica (monolithic) e prótese (prosthesis). Foram selecionados 13 estudos laboratoriais e 5 estudos clínicos. Os estudos laboratoriais mostraram que próteses monolíticas à base de zircônia apresentam alta resistência à fratura, à fadiga e ao lascamento. Próteses com espessura mínima de 0,7 mm devem ser confeccionadas para que sejam suficientemente resistentes às cargas impostas pela mastigação, tendo carga de fratura semelhante a coroas metalocerâmicas. Os estudos clínicos relatam baixas taxas de falha para esse tratamento protético. Próteses monolíticas à base de zircônia apresentam comportamento mecânico e clínico favorável para a reabilitação da região posterior.

Palavras-chave:
cerâmicas; mecânica; prótese dentária

Tabela I Dados dos estudos in vitro: propriedades mecânicas - resistência flexural, ao lascamento e ao desgaste.

Ref.	Teste	Grupo	Resultado	Modo de falha
¹⁹19 Y. Zhang, J.J. Lee, R. Srikanth, B.R. Lawn, Dent. Mater. 29 (2013) 1201.	Resistência ao lascamento e resistência à flexão em três pontos	ZM e DL	ZM apresentou maior resistência flexural e ao lascamento	Lascamento e fratura catastrófica
¹⁵15 J. Sripetchdanond, C. Leevailoj, J. Prosthet. Dent. 112 (2014) 1141.	Resistência ao desgaste (pin-on-disk)	ZM, DL, RC e esmalte	DL e esmalte desgastaram mais o esmalte antagonista	-
⁴4 G.R. Basso, R.R. Moraes, M. Borba, J.A. Griggs, A. Della Bona, Dent. Mater. 31 (2015) 1453.	Resistência à flexão em três pontos	ZM, técnica CAD-on (Z+DL)	Resistência flexural foi semelhante para os dois grupos; a tenacidade à fratura foi maior para o grupo CAD-on	Fratura catastrófica
⁵5 B.D. Flinn, A.J. Raigrodski, L.A. Mancl, R. Toivola, T. Kuykendall. J. Prosthet. Dent. 117 (2017) 303.	Resistência à flexão em quatro pontos	Quatro tipos de ZM translúcida receberam envelhecimento em autoclave por 0, 5, 50, 100, 150 e 200 h	O efeito do envelhecimento foi dependente do tipo de zircônia	Fratura catastrófica
²⁰20 L.F. Guilardi, G.K. Pereira, A. Gundel, M.P. Rippe, L.F. Valandro. J. Mech. Behav. Biomed. Mater. 65(2017) 849.	Resistência à flexão biaxial	ZM sem desgaste, desgaste com pontas diamantadas e pontas diamantadas extrafinas; com e sem envelhecimento em autoclave	Não houve influência do tipo de degaste e do envelhecimento em autoclave na resistência flexural	Fratura catastrófica

Tabela II Dados dos estudos in vitro: ensaios de carga de fratura e fadiga de coroas monolíticas à base de zircônia.

Ref.	Teste	Grupo	Resultado	Modo de falha
²¹21 T. Sun, S. Zhou, R. Lai, R. Liu, S. Ma, Z. Zhou, J. Mech. Behav. Biomed. Mater. 35(2014) 93.	Carga de fratura	Coroas de ZM, ZC, DL, MC (espessuras 0,6, 0,8, 1,0, 1,2 e 1,5 mm)	Coroas de ZM obtiveram os maiores valores de carga de fratura	Fratura catastrófica para ZM e DL; lascamento para ZC e MC
¹⁴14 D.P. Lameira, W.A. Buarque e Silva, F. Andrade e Silva, G.M. De Souza, Biomed. Res. Int. 2015 (2015) 418641.	Carga de fratura após envelhecimento mecânico (80 N, 2,5.10⁶ ciclos)	Coroa de ZM polida; coroa de ZM com glaze; coroa de ZC	Coroas de ZM polidas (3476 N) e com glaze (3561 N) foram semelhantes e maiores que ZC (2060 N)	Fratura catastrófica para ZM; lascamento para ZC
²²22 K. Nakamura, A. Harada, T. Kanno, R. Inagaki, Y. Niwano, P. Milleding, U. Ortengren, J. Mech. Behav. Biomed. Mater. 47(2015) 49.	Carga de fratura com e sem envelhecimento mecânico (300 N, 2,4.10⁵ ciclos)	Coroas de ZM após envelhecimento em autoclave de 0, 10, 50 e 100 h	A carga de fratura diminuiu após 100 h em autoclave; envelhecimento mecânico não teve influência	Fratura catastrófica
⁶6 N. Nordahl, P.V. von Steyern, C. Larsson. J. Oral Sci. 57 (2015) 255.	Carga de fratura após envelhecimento térmico e mecânico (30 e 3000 N, 10⁴ ciclos)	Coroas de ZM com alta e baixa translucidez (espessura 0,3, 0,5, 0,7, 1,0 e 1,5 mm) e DL (1,0 e 1,5 mm)	Não houve diferença na carga de fratura entre ZM de alta e baixa translucidez, sendo superiores a DL	Fratura catastrófica das coroas e trincas
²³23 G. Mitov, Y. Anastassova-Yoshida, F.P. Nothdurft, C. von See, P. Pospiech. J. Adv. Prosthodont. 8(2016) 30.	Carga de fratura imediata; após ciclagem térmica e mecânica (50 N, 1,2.10⁶ ciclos); após envelhecimento em autoclave	Coroas de ZM com diferentes tipos de preparos (sem ombro; 0,4 e 0,8 mm de chanfro)	Houve interação entre os fatores preparo e tipo de envelhecimento	Fratura catastrófica
²⁴24 K. Nakamura, M. Mouhat, J.M. Nergard, S.J. Laegreid, T. Kanno, P. Milleding, U. Ortengren, Acta Biomater. Odontol. Scand. 2(2016) 12.	Carga de fratura	Coroas de ZM cimentadas com fosfato de zinco, ionômero de vidro, cimento resinoso convencional e autoadesivo	Não houve diferença entre os cimentos testados	Fratura catastrófica
²⁵25 T.H. Lan, P.H. Liu, M.M. Chou, H.E. Lee. J. Prosthet. Dent. 115(2016) 76.	Fadiga cíclica (300, 500 e 800 N, 10⁶ ciclos)	Coroas de ZM (espessura 0,4, 0,5, 0,6, 0,7 e 0,8 mm)	Apenas as coroas com espessura de 0,7 e 0,8 mm resistiram a 10⁶ ciclos	Fratura catastrófica
²⁶26 G.F. Ramos, E.B. Monteiro, M.A. Bottino, Y. Zhang, R. Marques de Melo, Int. J. Period. Rest. Dent. 35(2015) 843.	Fadiga cíclica (100 N, 2.10⁶ ciclos)	Coroas de ZM, ZC e cobertura parcial de porcelana	Coroas multicamadas tiveram alta susceptibilidade à fadiga	Lascamento e trinca da porcelana de recobrimento

Tabela III Dados dos estudos clínicos.

Ref.	Tipo de restauração	n	Tempo	Taxa de falhas	Modo de falha
¹⁶16 T. Stober, J.L. Bermejo, P. Rammelsberg, M. Schmitter, J. Oral Rehabil. 41 (2014) 314.	Coroas de ZM (molares)	20	6 meses	Coroas de ZM desgastaram mais o antagonista (33 µm) do que o esmalte dentário (10 µm)	Não houve falhas
¹⁸18 T. Stober, J.L. Bermejo, F.S. Schwindling, M. Schmitter, J. Oral Rehabil. 43 (2016) 621.	Coroas de ZM (molares)	20	6-12-24 meses	Coroas de ZM desgastaram mais o antagonista (46 µm) do que o esmalte dentário (19 a 26 µm)	Não houve falhas
¹⁷17 U. Lohbauer, S. Reich. Clin. Oral Investig. 21 (2017) 1165.	Coroas de ZM (pré-molares e molares)	14	24 meses	Não houve diferença no desgaste de coroas de ZM e esmalte dentário	Não houve falhas
²⁷27 W. Bomicke, P. Rammelsberg, T. Stober, M. Schmitter. J. Esthet. Restor. Dent. 29 (2017) 22.	Coroas de ZM e ZC	90 ZM 72 ZC	36 meses	Taxa de falha de 1,5% para ambos; taxa de complicações de 6,4% (ZM) e 4,5% (ZC); taxa de fraturas de 0% (ZM) e 1,5% (ZC)	Coroas de ZM não apresentaram falhas, apenas o dente pilar; coroas de ZC apresentaram lascamento
⁹9 T.A. Sulaiman, A.A. Abdulmajeed, T.E. Donovan, L.F. Cooper, R. Walter, J. Prosthet. Dent. 116 (2016) 436.	Coroas e PPFs de ZM	39827 restaurações, sendo 3731 anteriores (1952 coroas e 1799 PPFs) e 36096 posteriores (29808 coroas e 6288 PPFs)	60 meses	Taxa de falhas de 0,97% para anterior, 0,69% para posterior e 0,71% combinado; 3,26% de fraturas em região anterior, 2,42% para posterior e 2,60% combinado	Fratura catastrófica

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