Acessibilidade / Reportar erro

Ocorrência de catarata em Micropogonias furnieri (Desmarest, 1822), na área entre Cabo Frio e Torres (23ºS-29ºS), Brasil: investigação de causas e estudo eletroforético das proteínas totais dos cristalinos

Occurrence of cataracts in Micropogonias furnieri (Desmarest, 1822), from the area between Cabo Frio and Torres (23ºS - 29ºS), Brazil: cause investigations and electrophoretic study on the total eye-lens proteins

Constatada a ocorrência de catarata em Micropogonias funieri, foram analisadas a distribuição e freqüência de exemplares portadores dentro da área ocupada pela população I da espécie (23ºS 29ºS), tanto em mar aberto até a isobata de 100 m, onde foram raros, como na região estuarino-lagunar de Cananéia (25º01'S), onde ocorreram em elevada freqüência e quase que exclusivamente no rio Baguaçu, de abril a novembro, com pico em julho. Afetou apenas indivíduos jovens, imaturos ou em maturação, com comprimentos totais entre 200 e 250 mm, atingindo um ou ambos os olhos, nas varias combinações possíveis. O caso estudado não se trata de catarata parasítica, nõo se verificando infestação do cristalino por larvas de trematodas, nõo sendo também causada por bactérias. Parecem existir dois caminhos do processo, caracterizando os tipos "radial" e "difuso". A analise dos padrões eletroforéticos de proteínas totais de cristalinos catarãticos permitiu determinar cinco fases de evolução, desde parcial inicial até total, durante as quais ocorrem alterações marcantes, tanto na concentração de proteínas totais solúveis nos extratos como na concentração relativa das oito frações proteicas que se grupam em quatro conjuntos nos padrões de cristalinos normais. Verifitiva dos conjuntos I (mais catódico) e II e decréscimo dos conjuntos III e IV (mais anódico), com o desaparecimento das duas frações deste ultimo conjunto nas fases finais do processo. Não foram constatadas alterações na concentração relativa dos quatro conjuntos, quando comparados cristalinos de indivíduos normais e cristalinos normais de indivíduos portadores, o que significa que a ocorrência de catarata em um dos olhos não causa quaisquer alterações naquele não afetado. Os resultados sugerem que a catarata se constitui em causa de mortalidade natural para a espécie nessa ãrea e que seu desenvolvimento deve estar ligado a algum fator fisiológico ou metabólico induzido por condições ambientais.


Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo Praça do Oceanográfico, 191, 05508-120 São Paulo SP Brasil, Tel.: (55 11) 3091 6513, Fax: (55 11) 3032 3092 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: amspires@usp.br