O debate sobre os fatores intervenientes no processo eleitoral tem-se polarizado entre duas perspectivas: a sociológica e a psicológica. Situando a escolha eleitoral num processo dialético, Camino, Torres e Da Costa (1995) organizaram os fatores que influenciam no voto utilizando duas dimensões independentes. A primeira, constituída pelas duas vertentes do processo de construção da realidade política: as alternativas políticas concretas e o ato individual de escolha. A segunda constituída por três níveis de análise: o observacional, o mediacional e o metateórico. Esta sistematização guiou um conjunto de pesquisas eleitorais com estudantes realizadas por Camino e colaboradores (1995). Os resultados permitiram elaborar um Modelo Psicossociológico, no qual pressupõe-se que a Escolha Eleitoral é um processo que se estabelece desde a inserção do indivíduo nas organizações da sociedade até o momento de depositar seu voto na urna. O modelo localiza etapas do processo e as relaciona com a escolha eleitoral. Este trabalho apresenta uma pesquisa cujos resultados confirmam as principais relações propostas no "Modelo Psicossociológico". Observa-se que os eleitores com participação social são os que mais acreditam na eficácia das atividades eleitorais. Constata-se também que as diversas formas de participação social modelam visões próprias no que concerne à estrutura social. A visão da estrutura social, enquanto matriz ideológica, influencia também a escolha eleitoral. Os dados mostraram ainda que existe uma relação estreita entre a ideologia do partido de simpatia e o tipo de representação da estrutura social. Finalmente, discutem-se as perspectivas que o modelo abre no estudo do comportamento eleitoral.
Modelo Psicossociológico; Comportamento Eleitoral; Participação Social