O presente artigo sugere que os conteúdos culturais podem ser estudados com o auxílio da teoria das representações sociais. São mencionados os resultados de alguns estudos que descreveram a representação social da loucura, enfatizando-se uma característica recorrente: a alteridade, ou seja, a loucura é um objeto cercado de insegurança e ambigüidade, representado como algo distante de quem o representa. Alguns autores argumentam que isso pode ser decorrência de uma falha estrutural da representação social da loucura. É proposta uma hipótese para explicar esse fenômeno a partir de um conflito entre sistemas de representações científicas e culturais, o que originaria um problema de cobertura da loucura enquanto objeto a que é dado o nome de vácuo representacional. São apontadas limitações da hipótese levantada e ressalta-se a necessidade de condução de estudos para verificar sua adequação e generalidade.
representações sociais; loucura; representações culturais; representações científicas