A obesidade infantil é uma das doenças mais preocupantes atualmente, o estudo de seus fatores psicológicos é escasso, podendo se vincular a características específicas do brincar. Este trabalho objetiva investigar se há algum prejuízo causado pela dificuldade de expressão da criatividade no brincar de crianças obesas e, em caso positivo, qual a sua natureza. Foram realizados cinco estudos de caso com meninos obesos entre 7 e 10 anos, de nível sócio-econômico médio e famílias intactas, com aplicação do Teste do Desenho da Figura Humana (DFH) e Teste de Apercepção Temática Infantil (CAT-A). Observou-se que a dificuldade das crianças em criar, simbolizar e brincar gerava sentimento de solidão e abandono. As figuras parentais foram vistas como ambivalentes, não suprindo as necessidades afetivas e a dependência dos filhos, mas exigindo sua autonomia. O comer compulsivo apresentou-se como única maneira de interagir com o ambiente, preenchendo a privação afetiva experienciada nas relações precoces.
obesidade; brincar; crianças; técnicas projetivas; criatividade