Neste artigo discutimos estratégias de resistência de moradores de uma comunidade situada na propriedade de uma usina sucroalcooleira. Nesta pesquisa realizamos entrevistas não-estruturadas com moradores, roda de conversa com trabalhadores da usina, visitas à comunidade e registros em diários de campo. Utilizamos o referencial teórico de Michel Foucault para discutirmos modos de resistência e relações de poder no contexto em estudo. As principais estratégias de resistência visibilizadas relacionam-se a projetar um futuro fora da usina para as novas gerações, enfrentamentos coletivos e individuais nas situações de trabalho e constituição de redes sociais de apoio. Apesar de marcados pelas assimetrias de poder produzidas no contexto da monocultura da cana-de-açúcar, os sujeitos não se constituem como passivos diante dos modos de vida instituídos. Eles denunciam, além da violência vivida na usina, a precariedade das políticas sociais de um Estado ausente para quem vive fora dos domínios da 'segurança' oferecida nas propriedades das usinas.
processos de subjetivação; estratégias de resistência; relações de poder; setor sucroalcooleiro