O artigo examina o sentido da aproximação feita por Merleau-Ponty entre fenomenologia e psicanálise. Discute o inconsciente em Freud e a metapsicologia da sobreterminação. Analisa as críticas ao Inconsciente e ao causalismo de Freud na explicação dos sonhos. Examina, em seguida, a concepção de inconsciente em Merleau-Ponty baseada na intencionalidade. Mostra a temporalidade como intencionalidade mais original, seio do campo de presença, cujos múltiplos feixes intencionais constituem, para Merleau-Ponty, a fonte da significação de fenômenos como o sonho. Conclui pela impossibilidade de se conciliarem doutrinas com fundamentos distintos, mas suspeita da existência de um pressuposto evolucionista comum a ambos e da possibilidade de o ecletismo filosófico de Freud justificar leituras como a de Merleau-Ponty. Sugere a necessidade de se examinarem tais fundamentos.
intencionalidade; psicanálise; fenomenologia