Desde a Idade Antiga houve uma consolidação de características que se tornaram prementes no pensamento ocidental, entre as quais temos a busca da "clareza" das proposições e a verdade compreendida como correspondência (adequação). A metáfora, promotora de equívocos, deveria ser expulsa do pensamento sério e rigoroso, a saber, da filosofia e, posteriormente, das ciências em geral. A medicina, como ciência, comungou com estes pressupostos, que nela se fizeram presentes por meio da semiologia indicial. Não obstante, a metáfora retornou por meio do sofrimento dos pacientes, inscrita nos corpos: o sintoma histérico. Como calcanhar de Aquiles para a medicina, este sintoma provocou uma reviravolta no próprio procedimento clínico e em sua produção de saber, abrindo espaço para a qualificação do acontecimento de metáforas e, sobretudo, para a escuta do pathos humano. Neste artigo propomos um estudo teórico deste reencontro, apontando que nele houve a abertura da clínica para uma escuta diferenciada, trazida pela psicanálise.
Metáfora; psicologia clínica; semiologia