Este trabalho analisa o discurso pastoral-gerencial de O monge e o executivo (James Hunter), identificando suas características e funções e o modo como se articula com o "novo espírito do capitalismo" (Boltanski & Chiapello). Por meio da Análise de Discurso Crítica (Fairclough) são discutidos aspectos do gênero híbrido de autoajuda e gerência espiritualizada, a representação de liderança servidora e os potenciais efeitos de subjetivação desse tipo de livro. Ao definir a gerência em termos de autodesenvolvimento moral e espiritual e limitar-se à esfera das relações interpessoais, a narrativa é investida ideologicamente, tendendo a transformar problemas estruturais e organizacionais em questões privadas e espirituais, da responsabilidade dos indivíduos. Neste sentido, o texto de Hunter parece reforçar as ideologias individualistas e as visões essencialistas do "eu", as quais responsabilizam os indivíduos não só por sua própria empregabilidade, mas também por sua salvação pessoal e pelo sucesso da empresa.
Ideologia; liderança; análise de discurso crítica