A biopolítica da aids no Uruguai encontra-se entre dois grandes polos: o investimento e a rejeição à vida. O lado produtivo se manifesta no tratamento de crianças que contraíram a doença através da relação mãe-filho. Para estas crianças, o HIV, em parte, se converte num recurso até que se tornem adolescentes. Observa-se pouco interesse em adolescentes soropositivos, fato que se revela na ausência de formas de apoio especificamente destinadas a eles. Argumentamos que isso é o resultado de uma economia moral que marca a estigmatização particular de pessoas que contraíram a doença por via sexual. Especialmente as mães soropositivas são vistas como irresponsáveis, em contraposição às crianças "puras". A opinião moralista não se dá conta do amplo contexto em que estas mulheres se tornam HIV positivas ou da maneira como tinham que manter o tratamento antirretroviral. Apresentamos uma história de vida para refletir sobre as formas de inclusão e exclusão de pessoas que viveram com a enfermidade desde o começo da epidemia no Uruguai. Apesar de não ser um caso representativo, identifica dinâmicas no sistema de saúde uruguaio que são difíceis de discernir através de métodos mais convencionais.
Biopolítica; HIV/aids; Cidadania; Adolescência