As representações sobre a juventude variam histórica e culturalmente. No Alto Rio Negro, vivem grupos indígenas com mais de três séculos de contato com o mundo não-indígena. Nos últimos anos, os rituais de iniciação masculina foram suprimidos e houve a introdução da escola formal. Estes acontecimentos geraram ressignificações nas formas de representar as diferentes fases da vida. Neste trabalho objetivou-se compreender a construção das representações sobre a juventude indígena; como elas se correlacionam com as demais fases do ciclo vital e como contribuem para configurar práticas sociais estruturadas em torno deste grupo social. Analisaram-se diversas histórias-míticas que tratam das relações intergeracionais; estas foram correlacionadas com os termos designativos das diversas da vida, com as outras narrativas nativas e com dados obtidos a partir da observação participante. O estudo conclui que as representações sobre juventude são configuradas pelos papeis sociais de iniciandos/iniciados, fundidos na atualidade, de modo contraditório, numa categoria genérica e prolongada de estudante, desprovida de estatuto sociológico próprio, alongando a condição liminar desta fase da vida.
Índios sul-americanos; Juventude; Mudança cultural