Relatar a experiência de cientistas sociais com a utilização da ferramenta “Procedimentos de Avaliação Rápida” (Rapid Assessment Procedures – RAP) para pesquisas rápidas na área de prevenção ao HIV/AIDS. |
Nyamwaya32
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AIDS soc./ PubMed |
1993 |
Quênia |
Diversos, através da RAP
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A ferramenta RAP, uma forma condensada de procedimentos antropológicos, foi efetiva para abordar a prevenção de DST e AIDS entre caminhoneiros de longa distância em estradas de Mombasa, Nairobi e Uganda. |
Avaliar diversos materiais de campanha de prevenção ao HIV/AIDS de 10 organizações de saúde pública no Quênia de acordo com o Extended Parallel Process Model (EPPM). |
Witte et al. 35
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Journal of Health Communication/ PubMed |
1998 |
Quênia |
Grupo focal |
Os participantes do estudo relataram o desejo de ter informações mais detalhadas sobre a maneira correta de usar preservativos, ideias de como negociar o uso do preservativo com parceiros relutantes e informações mais precisas sobre sintomas da AIDS e sobre o que fazer quando se contrai o vírus. |
Avaliar o impacto de um programa de educação entre pares para prevenção de HIV/AIDS entre profissionais do sexo e seus potenciais clientes (caminhoneiros de longa distância) em Malawi. |
Walden, Mwangulube & Makhumula-Nkhoma33
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Health Education Research/ PubMed |
1999 |
Malawi |
Grupo focal |
A educação por pares entre caminhoneiros de longa distância foi geralmente considerada inativa. Os dados qualitativos mostraram que os caminhoneiros achavam importante a educação por pares, mas que esta fosse desenvolvida por um profissional de fora da empresa. Motivos para a não uso do preservativo foram relatados: aparência saudável, acusação de adultério (uso com as esposas), questões morais (com mulher casada). |
Descrever os riscos de infecção pelo HIV entre caminhoneiros de longa distância e os contextos e fatores que influenciam comportamentos de risco e proteção. |
Stratford et al.42
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Social Science and Medicine |
2000 |
EUA |
Entrevistas semi-estruturada |
Os caminhoneiros foram categorizados em três categorias principais de acordo com comportamentos relatados como arriscados para infecção pelo HIV: os highway cowboys, os old hands e os old married men e Christian truckers. Os autores descrevem o perfil das parceiras sexuais destes caminhoneiros, bem como os conhecimentos e atitudes destes sobre a infecção pelo HIV. É dado pouco espaço para as questões estruturais que envolvem a profissão do caminhoneiro de rota longa nos EUA. |
Analisar a cultura sexual dos caminhoneiros, mediadores e profissionais do sexo em uma parada de caminhões na rodovia Trans-África localizada no sudoeste de Uganda. |
Gysels; Pool; Bwanika29
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Aids Care/ PubMed |
2001 |
Uganda |
Entrevista em profundidade e observação participante |
A maioria dos caminhoneiros investigados fazia uso do serviço de intermediários na negociação de serviço sexual, que funcionavam tanto como intérpretes da língua local, quanto como uma garantia de relacionamento sexual com facilidade e proteção dos roubos e das doenças. Esta proteção era vista como crença de que os intermediários poderiam conhecer as mulheres “seguras”, o que garantiria, portanto, a “segurança sexual” dos caminhoneiros. |
Analisar o risco de infecção por doenças sexualmente transmissíveis entre caminhoneiros e seus ajudantes no Paquistão. |
Agha44
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Culture, Health and Sexuality/ Web of Science |
2002 |
Paquistão |
Entrevistas em profundidade |
Muitos caminhoneiros não acreditavam que a AIDS existia no Paquistão e nem que o preservativo é uma tecnologia efetiva para prevenção da transmissão do HIV. A autopercepção de risco foi baixa e esteve relacionada à boa moral. |
Investigar se e por que houve mudanças de comportamentos e práticas sexuais, em consequência da epidemia de HIV/AIDS, de cinco grupos de risco em Uganda. |
Ntozi et al.38
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African Health Sciences/ PubMed |
2003 |
Uganda |
Grupo focal |
O estudo relata que a epidemia de AIDS não trouxe mudanças significativas de comportamentos sexuais arriscados entre os membros dos grupos investigados. Entre os caminhoneiros foi relatada a necessidade da companhia de mulheres para reduzir o estresse ao longo das longas jornadas em estradas da África. Apesar disso, muitos relataram perceber o risco e usar o preservativo. |
Examinar os comportamentos que poderiam influenciar a transmissão de DST e HIV/AIDS no setor de transporte rodoviário de Bangladesh. |
Gibney, Saquib & Metzger37
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Social Science and Medicine/ PubMed |
2003 |
Bangladesh |
Entrevista em profundidade e grupo focal |
Os caminhoneiros se engajam em práticas de risco: número grande de parceiras, sexo desprotegido, uso de álcool e outras drogas. A prática de sexo anal foi apontada como aversiva pelos caminhoneiros. Os motivos para o sexo comercial foram: a pressão dos pares, a ausência das esposas, o desejo de diversão, a vontade de se envolver em práticas que não poderiam ser realizadas com suas esposas e as técnicas das profissionais do sexo. |
Avaliar o contexto de comportamento de riscos entre caminhoneiros e profissionais do sexo em Itajaí, na região sul do Brasil. |
Malta et al.19
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AIDS Care/ PubMed |
2006 |
Brasil |
Entrevista em profundidade, grupo focal e observação de campo |
Os caminhoneiros geralmente se engajam em comportamentos de risco, tais como o sexo desprotegido com múltiplas parceiras (incluindo profissionais do sexo e empregadas dos pontos de parada do caminhão) e o uso de álcool e anfetaminas (talvez influenciando práticas desprotegidas). |
Examinar o contato sexual de caminhoneiros com profissionais do sexo, estimando a frequência do uso de preservativos e verificando o conhecimento destes indivíduos sobre HIV/aids |
Bacak & Soh43
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Coll. Antropol./ PubMed |
2006 |
Croácia |
Entrevista semi-estruturada |
A maioria dos caminhoneiros assumiu que possui contato com profissionais do sexo enquanto fazem suas viagens, principalmente por conta dos longos períodos na estrada. Eles reportaram o uso do preservativo durante os contatos sexuais com profissionais do sexo por conta do medo de adquirir uma infecção sexualmente transmissível e de gravidez. |
Analisar dados de uma pesquisa formativa sobre o comportamento sexual de indivíduos de grupos que podem ter tido experiência com fatores de risco (caminhoneiros, profissionais do sexo, usuários de drogas, etc.) e que estão vivendo com HIV. |
Sri-Krishnan et al.41
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AIDS Educ Prev./ PubMed |
2007 |
Índia |
Entrevista em profundidade |
As pessoas vivendo com HIV apresentaram modificação de comportamentos de risco depois do diagnóstico da infecção, principalmente para promover proteção aos seus parceiros sexuais e para não serem infectadas com outros subtipos virais. O estigma relacionado ao HIV demonstrou ser uma barreira para negociação do preservativo. Além disso, muitos caminhoneiros citaram a dificuldade de lembrar-se do preservativo quando estão usando substâncias psicoativas. |
Examinar o compromisso inicial com a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e circuncisão, entre caminhoneiros na Índia, através do Modelo de Redução do Risco de AIDS (AIDS Risk Reduction Model). |
Schneider et al.36
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PLoS One. / PubMed |
2010 |
Índia |
Entrevista em profundidade |
Os caminhoneiros apresentaram baixo nível de compromisso inicial para a PrEP e a circuncisão. O custo foi uma barreira importante para ambas as intervenções de prevenção do HIV. Também foram identificadas normas sociais e religiosas que poderiam influenciar as decisões sexuais e as percepções acerca da circuncisão. |
Avaliar a relevância, utilização dos serviços, eficiência e sustentabilidade de uma clínica noturna na província de Tete, Moçambique. |
Lafort et al.34
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BMC Health Services Research/ PubMed |
2010 |
Moçambique Zimbabwe e Malawi |
Entrevista em profundidade e grupo focal |
Os caminhoneiros se sentiram satisfeitos com a clínica noturna, principalmente por conta do atendimento gratuito e do trabalho da equipe. Os participantes solicitam uma ampliação do horário de funcionamento da clínica. |
Analisar representações sociais de caminhoneiros de rota curta sobre a AIDS, transmissão do HIV e prevenção. |
Sousa, Silva & Palmeira39
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Psicol. Soc. / BVS |
2014 |
Brasil |
Entrevista em profundidade |
As representações sociais sobre AIDS estavam ancoradas nos constructos: “doença ruim”, “doença perigosa”, “doença incurável” e “doença que mata”. A transmissão do HIV relacionou-se ao sexo desprotegido com profissionais do sexo, gays e contato com sangue contaminado; a prevenção da AIDS foi representada pelo uso da camisinha nas relações extraconjugais e pela fidelidade da esposa. |
Explorar como as experiências de saúde dos caminhoneiros se relacionam com o risco de infecção pelo HIV/AIDS na Índia, utilizando a abordagem centrada na cultura para a comunicação em saúde (Culture-Centered Approach to Health Communication). |
Sastry30
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Health Commun. / PubMed |
2015 |
Índia |
Entrevistas narrativas |
As narrativas dos caminhoneiros trazem o relato de experiências de violência, hostilidade e medo de morrer nas estradas. A profissão é relatada como insegura. Os comportamentos de risco são vistos como resultante da configuração do trabalho. O risco de infecção pelo HIV é situado dentro da pobreza estrutural e da destruição de ocupações tradicionais. A sexualidade é demarcada em dois caminhos: a “casa”, segura, sexo monogâmico; e a “estrada”, sexo com profissionais do sexo. |
Explorar as ideias de caminhoneiros e aldeões de zona rual da Tanzânia sobre sexo anal heterossexual e sua associação com riscos à saúde. |
Mtenga et al.40
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Sex Transm Infect. / PubMed |
2015 |
Tanzânia |
Entrevista em profundidade e grupo focal |
As razões para o sexo anal foram: prazer sexual, crença de que o sexo anal é mais seguro que o sexo vaginal, uma prática alternativa, exploração e prova de masculinidade. Existem crenças relacionadas à ideia de que não é possível a transmissão de doenças através do sexo anal e, portanto, o uso do preservativo não precisa ser adotado. |
Analisar como fatores sociais, culturais e estruturais e a agência individual influenciam o uso de preservativos entre caminhoneiros de longa distância na Índia. |
Sastry31
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Culture, Health and Sexuality/ Web of Science |
2016 |
Índia |
Entrevistas individuais, entrevistas em grupo e observação sistemática |
O preservativo foi entendido como uma tecnologia efetiva para prevenção de doenças (longe de casa, nas estradas, com profissionais do sexo) e para contracepção (na “casa”, com as esposas). O uso do preservativo esteve relacionado à diminuição do prazer sexual e visto por alguns como uma escolha individual necessária para evitar prejuízos (como doenças). As questões estruturais foram a disponibilidade, o custo do preservativo e o prazer sexual como maneira de desviar a atenção das más condições de trabalho ao longo das estradas. |