Os Enfermeiros, apesar de muito exaustos, continuam moderadamente satisfeitos, confiam nos cuidados que prestam, descrevem a qualidade e segurança dos cuidados como sendo "Bons", permanecem muito envolvidos com o trabalho (engaged), e desejam permanecer na profissão. Todavia, persistem aspetos menos positivos, designadamente: • Ambientes de Trabalho pouco favoráveis (PES-NWI - Média: 2,39 (Desvio padrão 0,41)), especialmente nas vertentes da Participação dos Enfermeiros na Governação da Organização - 2,11 (0,50); Adequação de Recursos Humanos e Materiais - 2,13 (0,60); e na Gestão, Liderança e Apoio aos Enfermeiros - 2,13 (0,62), todas abaixo do ponto de corte 2,50; • Baixa Cultura Organizacional relativa à segurança, especialmente em relação ao sentimento concordante ou neutro de que os seus erros são usados contra eles (70,5%), à pouca liberdade dos profissionais para questionar as decisões ou ações dos seus superiores (68,7% discordam ou assumem uma posição neutra), e à perceção discordante ou neutra de que as intervenções ao nível da gestão hospitalar/organização demonstram que a segurança dos doentes é uma prioridade máxima (63,2%); • Perceção de elevadas cargas de trabalho - 38,5% dos participantes (16 vezes mais) respondem discordar totalmente versos 2,3% que afirmam o contrário, quando questionados se existe um número suficiente de enfermeiros para prestar cuidados de qualidade aos doentes; • Elevados níveis de Burnout, particularmente na dimensão Exaustão Emocional (pelo menos 55,3%) e de Turnover (Intensão de Abandonar o Local de Trabalho) - 52%, porém baixos índices de perda da realização profissional e despersonalização; • Insatisfação laboral, especialmente em relação ao Salário (mais de 90%) e Oportunidades de Progressão (86,3%); • Elevado número de doentes atribuídos a cada enfermeiro, tendo em conta o conteúdo funcional, a responsabilidade e o staff-mix em Portugal (em média, mais de 8 doentes por enfermeiro); • Elevada prevalência de alguns incidentes (com utentes e enfermeiros), de cuidados deixados, por falta de tempo, por fazer e de realização de "tarefas" que não de enfermagem (ex: atender telefonemas, tarefas burocráticas). Em conclusão: - Alguns aspetos positivos relativamente à perceção da qualidade e segurança dos cuidados e recomendação da sua organização em caso de necessidade de cuidados, não obstante os ambientes de prática pouco favoráveis; - Participação incipiente na governação das organizações, adequação de recursos humanos e materiais e gestão, liderança e suporte aos enfermeiros; - Grande variabilidade regional e organizacional em muitos dos indicadores estudados; - Piores índices nos contextos de internamento, em geral, e quando comparados com os resultados anteriores (2013/14), no mesmo tipo de serviços (médico-cirúrgicos); - Ausência de relação ou existência de associação negativa desfavorável em alguns dos indicadores estudados (ex: adequação de recursos humanos e materiais, burnout, engagement...) com a referência de a organização estar ou não "Acreditar para a Qualidade"; - Enfermeiros estes que, apesar de muito exaustos, continuam moderadamente satisfeitos (43,7%), muito envolvidos com o trabalho (80,8%) e desejam permanecer na profissão (65,5%); dos que afirmam intenção de mudar de organização (52,0%). |