Estudos realizados em línguas alfabéticas mostram que a consciência morfológica - habilidade de refletir sobre os morfemas que compõem as palavras - está associada ao sucesso no reconhecimento e compreensão de palavras na leitura e na escrita. O português é uma língua com uma ortografia que se encontra no meio do espectro quando falamos da transparência nas correspondências entre letra e som. Em línguas transparentes, com correspondência grafema-fonema regulares, a consciência morfológica pode não ter o mesmo impacto na aquisição da escrita. Neste estudo investigamos se o processamento da morfologia derivacional em crianças do ensino fundamental contribui para leitura no português e se essa contribuição é independente da decodificação. Utilizou-se uma tarefa de spooneirismo e outra de subtração de fonemas para acessar a decodificação e o TDE para leitura de palavras. Os resultados mostram que a decodificação é uma habilidade muito importante na leitura e que a habilidade de refletir sobre os morfemas contribui para leitura e que essa contribuição é até certo ponto independente da consciência fonológica.
Consciência metalinguística; Consciência morfológica; Decodificação fonológica; Leitura; Alfabetização