Na Zona Sul do Município do Rio de Janeiro, foi realizado um inquérito sobre os casos de miíases por larvas de Dermatobia hominis (berne) em cães atendidos em 34 clínicas e consultórios veterinários durante 2000, para identificar fatores predisponentes a esta parasitose e contribuir na compreensão dos seus aspectos epidemiológicos e na sua prevenção. Pelo menos um caso foi atendido em 24 estabelecimentos, sendo os cães de raça definida, adultos, machos e de pelagem curta e clara os mais acometidos. Os locais do corpo mais afetados foram aqueles de fácil acesso às moscas: membros, dorso, região lombar, cabeça e pescoço. Na maioria dos casos, não foram observadas complicações durante e após o tratamento e o tempo de cura foi menor que cinco dias. Como não se observou determinada época do ano com maior ocorrência de casos, deve-se realizar programas preventivos durante o ano todo, baseados em dados epidemiológicos como as características fenotípicas (raça, cor e comprimento de pelagem, idade e sexo) dos animais acometidos. Os proprietários devem ser encorajados a procurar por orientação veterinária quando houver larvas nos animais e a manter boas condições higiênicas ambientais. A prevenção deve ser aplicada principalmente nas áreas que propiciam um ambiente favorável à sobrevivência e proliferação da D. hominis e das moscas vetoras de seus ovos, pois a maior parte dos animais afetados adquiriu a parasitose em viagens a sítios fora da área estudada, possibilitando que casos de berne fossem observados em cães residentes em uma área predominantemente urbana como a Zona Sul.
Cão; Miíase; Dermatobia hominis; Berne; Inquérito