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A saúde e o jovem migrante

Health and the young migrant

O trabalho no corte de cana-de-açúcar no Brasil é agressivo, com notícias recorrentes de doenças e óbitos pouco esclarecidos. Este estudo procura discutir a saúde desses trabalhadores na região de São José do Rio Preto (SP) e também os fatores que envolvem o deslocamento territorial dessa população. Realizamos entrevistas semiestruturadas para compreender como os trabalhadores lidam com aspectos que são prejudiciais à saúde, decorrentes desse trabalho. Os resultados mostraram que a maioria utilizou a automedicação para amenizar sintomas de gripe, dores no corpo e mal-estar. Assim, o remédio é percebido como um elemento racionalizador do trabalho que pode prevenir uma queda na produtividade. Isso nos leva a uma reflexão sobre as condições de precariedade das relações de trabalho do cortador de cana. Também abrangeram as discussões o fato de que logo haverá o fim do corte da cana-de-açúcar nessa região em virtude da mecanização, e discutimos as possíveis externalidades dessas mudanças. Concluímos que o fluxo migratório não está atrelado apenas às desigualdades de renda per capita entre as regiões brasileiras e à oportunidade de acesso aos bens de consumo, mas, sobretudo, à esperança de renda e à taxa de desemprego. O que nos leva a crer que, mesmo com o fim do corte da cana, a migração para essas regiões ainda irá existir.

saúde do trabalhador; migração; cana-de-açúcar; políticas públicas


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