Resumo
Esse texto é fruto de estudos e debates iniciados em 2012 e da possibilidade de pensar o diálogo entre a Psicologia e as práticas de cuidar na espiritualidade de matriz africana. Trazendo, no contexto da resistência negra, os valores que se apresentam nos saberes dos terreiros, acolhimento, comunidade, ancestralidade, e o lugar desses saberes ao longo da história da resistência negra no Brasil. Além de apresentar algumas referências bibliográficas, o texto se baseia nos debates com estudantes de Psicologia e nas visitas a alguns terreiros de Candomblé. O propósito do texto é indicar a importância das psicólogas e dos psicólogos entrarem em contato com alguns conhecimentos das tradições e saberes não ocidentais, presentes numa parte significativa da população brasileira. Considerando que a Psicologia e as religiões de matriz africana estão preocupadas com as questões da subjetividade, mas também com os modos de cuidar e de garantir o direito à diversidade de estilos de vida e à singularização, esse diálogo de saberes pode significar uma mudança das condições epistêmicas para a formação profissional e o trabalho da Psicologia. A perspectiva apresentada pelos saberes da população de terreiro e sua conexão com as lutas históricas do povo negro, poderiam compor na atuação, junto à população brasileira, das psicólogas e dos psicólogos. É aí que faz sentido o reclame ao enegrecimento da Psicologia. É esse sentido, com os avanços que a Psicologia pode fazer, no Brasil, que se desenvolve ao longo do texto.
Religiões de Matriz Africana; Espiritualidade; Psicologia