Resumo
A problemática da linguagem é cara ao campo psicanalítico - a exploração do domínio desvelado pela psicanálise engendrou uma série discussões em torno deste tema. No entanto, a ênfase reside principalmente no papel da linguagem na constituição do psiquismo, distanciando-se do domínio da linguística ou da perspectiva representacional da linguagem, este artigo busca enfatizar o seu uso. Através de um diálogo entre autores da psicanálise e a fenomenologia de Merleau-Ponty, circunscreve-se a linguagem enquanto uma dimensão da experiência, o que pressupõe não fornecer um papel central para seu advento no psiquismo, bem como não a elevar como condição necessária da emergência do sentido. Para tal, recorre-se à definição de certa noção de experiência na psicanálise que enfatiza uma indissociação entre corporeidade, sentido, tempo e mundo. Nesse contexto, a linguagem enquanto uma dimensão da experiência está necessariamente articulada a estes elementos - questão que abre um campo de discussão importante para a clínica psicanalítica.
Palavras-chave:
Psicanálise; Linguagem; Fenomenologia; Experiência