Resumo
Objetiva-se com este estudo investigar como os currículos dos cursos de Psicologia têm abordado as temáticas relacionadas a gênero, raça e etnia, considerando que tais elementos atravessam a constituição dos sujeitos e suas relações sociais. Trata-se de uma pesquisa documental a partir da análise dos Projetos Pedagógicos de Cursos (PPCs) de Psicologia no Brasil, disponíveis em domínio público. A amostra foi composta pelos PPCs que contivessem termos/expressões relacionados a estudos de gênero e étnico-raciais. Deste modo, a análise contou com 21 currículos, com o auxílio do software Iramuteq, a partir dos componentes textuais que incluíam as disciplinas, as ementas e as referências, produzindo, então, cinco perspectivas analíticas: Biológica, Psicologia Social, Estudos Antropológicos, Estudos Sociológicos e Estudos Interseccionais. Observamos a pluralidade de lentes teórico-epistemológicas nas quais se ancoram os estudos de gênero e étnico-raciais, situando-os em um espaço interdisciplinar, com maior prevalência para aqueles orientados pela Psicologia Social, pela Antropologia e pela Sociologia. O debate determinista sobre gênero, raça e etnia, com foco nas diferenças individuais, ainda presente, tem perdido espaço nos currículos. A perspectiva interseccional tem tido pouca expressão e está localizada em disciplinas optativas. Por fim, apontamos que há ainda grandes lacunas nos processos formativos no que tange a discussões sobre gênero e, particularmente, acerca das relações étnico-raciais, revelando um grande desafio para a Psicologia no cenário atual.
Palavras-chave:
Formação em Psicologia; Gênero; Relações Étnicas e Raciais